terça-feira, 29 de março de 2011

Medicina Alternativa

O Brasil tem uma riqueza biológica inestimável, que provavelmente será destruída antes de ser descoberta. Abaixo segue o texto de Arthur Abegg sobre o tema.




Relação entre a planta Barbatimão (Stryphnodendron barbatimam) e a serpente Surucucu (Lachesis muta)




Abegg, A.D


"As serpentes sempre foram cercadas de lendas. Algumas delas talvez mereçam a reputação que lhes foi conferida, e um exemplo pode ser a surucucu. O único antídoto conhecido contra a picada desses répteis peçonhetos é o soro antilaquético ou antibotrópico-laquético. Porém, ao que tudo indica, podemos ter outro aliado nessa batalha: o barbatimão, uma planta medicinal que cresce no cerrado brasileiro.
As sururcucus são as maiores serpentes da família Viperidae, as chamadas víboras. Elas podem medir até 3,5m e são consideradas como a segunda ou terceira maior serpente peçonhenta do mundo. Apesar dos dados assustadores, os números de acidentes ofídicos com essa espécie, no Brasil, são baixos. Eles representão cerca de 2% do total de mais de 49 mil casos registrados entre 2001 e 2006. Porém, o índice de letalidade é alto, se comparado ao das jararacas, responsáveis por cerca de 88% dos acidentes ofídicos brasileiros. Em caso de acidente laquético, até que se saiba nos dias de hoje, a única saída era a aplicação do soro antiofídico fabricado a partir das próprias surucucus. Mas, segundo uma pesquisa feita pela Universidade Federal Fluminense, uma planta brasileira pode se tornar um agente combativo contra a peçonha dessas serpentes, o barbatimão.
O barbatimão é uma planta medicinal que cresce no cerrado brasileiro, desde o Pará na região amazônica até o sudeste do país. O extrato feito a partir das raízes dessa planta tem a capacidade de neutralizar a violenta peçonha das surucucus. Outro ponto positivo da descoberta é que isso pode significar um antídoto quase 50% mais barato que o soro utilizado hoje. De acordo com André Lopes Fuly, biomédico, professor de biologia e orientador do estudo, 10 gramas da planta é uma quantidade interessante para produzir o chá e guarda-lo, já que o chá não requer tantos cuidados como o soro, para armazenamento. Isso já reduz o custo da produção. Outro problema que o atual soro apresenta é a possibilidade de efeitos colaterais graves, desde alergias fracas até algumas que podem levar ao óbito, através do choque anafilático. Ou seja, o soro, que seria a salvação, também pode ser fatal.
As surucucus são serpentes primitivas. Elas não apresentam facilidade à adaptação em novos ambientes como as jararacas, e por isso os acidentes com essa espécie são raros. Apesar de raros, podem ser fatais. O barbatimão já é outra arma nesse combate, podendo, além da eficiência contra o veneno, ser um produto mais viável e barato. Sem dúvida, é mais um avanço biológico e medicinal."



Fonte:Texto na integra

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